sábado, abril 30, 2005

COMUNICADO



O Psicotópicos anda jogado às traças. “Vilipendiado, incompreendido e descartado”, como diria Renato Russo em suas piores crises depressivas. Não, antes que perguntem: não estou passando por uma crise depressiva. A bolsa quebrou, é verdade, mas o mercado dá sinais de recuperação. Para o próximo mês, há previsão de crescimento recorde de investimentos no setor têxtil do Psicotópicos, com ênfase nas matérias de caráter policrômico e sintático, que ganham espaço em função do aumento da percepção de microfísicas de origem hermética. Em suma: há mudanças a caminho. Se ainda existirem leitores, tanto melhor. Abraços psíquicos!

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sábado, abril 23, 2005

É POR AÍ, BIA... É POR AÍ...

“Esqueça o tempo. Hoje li que a felicidade não está no destino, mas sim no caminho percorrido” (Bia).

Não é auto-ajuda, Bia: é quase Guimarães Rosa, observe: “Digo: o real não está na saída nem na chegada ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”...

... e também a felicidade, também a felicidade. Porque a Felicidade (assim mesmo, com “F” maiúsculo) é, acima de tudo, real. E real, como insinua o Kleber, é o agora: o resto é sentido que se perde.

Felicidade, amor, realidade: tudo isso a gente encontra no caminho: ora passamos por cima, ora tropeçamos neles; ora os chutamos pra longe, ora eles nos caem na cabeça; ora eles nos escapam, ora os seguramos temporariamete com as unhas... De tudo, o que fica mesmo é a vida. E a vida – ah, Bia!... a vida é tão boa!

´mabraço.

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segunda-feira, abril 18, 2005

CERTAS COISAS INCERTAS

Certas coisas são difíceis de explicar. Outras, não têm explicação mesmo. De incerteza em incerteza, vive-se – sempre na expectativa da felicidade, que pode estar próxima esquina. Mas o viver e o buscar andam sempre de mãos dadas (são amantes, segundo as más línguas).

Assim, busco.

(Parte da felicidade já foi reencontrada. O restante é uma questão de conquista).

A propósito, preciso ir agora: o tempo, o tempo...

... e o amor no tempo...

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quinta-feira, abril 14, 2005

ENTRE PARÊNTESES

Está difícil voltar de Porto Alegre. Já estou em Guarapari há uma semana, mas é como se minha cabeça estivesse longe ainda. Parte disso, acredito, tem a ver com certa dificuldade para lidar com a concretude de meu estar aqui. Aos poucos, a imagem de Porto Alegre torna-se evanescente: assume gradualmente as feições de um sonho bom – desses interrompidos pelo despertador.

Horários, rotinas, repetições: a lógica sistêmica a tudo impregna. Mesmo quando, aparentemente (ou temporariamente), nos colocam à parte, entre parênteses.

(E quando nós mesmos nos colocamos entre parênteses? E quando abrimos mão do direito de sermos taxativos para transformar assertivas em ponderações? E quando optamos por viver nas entrelinhas? Quais os ganhos, quais as perdas? Será a contabilidade a ciência mais apropriada para entender o ser humano? Somos mesmo o homo economicus? Até onde vai o poder da reificação “capitalística”? Qual o peso da resistência? Qual o peso da desistência? Quais as cores do existir?).

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terça-feira, abril 12, 2005

NÃO ME PERGUNTEM MAIS NADA

Não, não,
não me perguntem
mais nada.
Não há o que compreender.
É tudo tão recente,
tão carne-viva,
tão cru(el).
É tudo tão confuso,
tão novelo,
tão novela.
É tudo tão eu.
É tudo tão ela.

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sábado, abril 02, 2005

PITACOS VARIADOS...

Dois fenômenos relacionados à morte têm me incomodado muito nas últimas semanas: a moribundice do Papa e a celeuma em torno da norte-americana Terri Schiavo. Não quero me estender sobre esses assuntos -- creio que os últimos comentários do Jabor sintetizaram muito bem o que eu penso a respeito, com destaque para a incoerência da sociedade (a vida vegetativa de Terri vale mais que as milhares de vidas desperdiçadas na guerra?). Queria destacar apenas uma linha: as pessoas se emocionam com aquilo que tem nome e rosto. É possível cometer genocídios sem que ninguém derrame uma lágrima, é possível matar milhares de fome e sede sem que ninguém se comova, é possível chacinar centenas com todo mundo aplaudindo... mas para grande parte da humanidade é impossível ficar indiferente ao sofrimento de alguém com nome e sobrenome. Foi assim com o seqüestro do brasileiro no Iraque, foi assim com Terri Schiavo e assim tem sido com o Papa. (Estranhamente, nenhum dos fatos me comoveu).

Sobre o Papa (que acaba de morrer, no momento em que escrevo este “post”), queria falar de algo que me assustou aqui em Porto Alegre. Já falei do egocentrismo dos gaúchos, mas ontem tive uma prova irrefutável de que ele existe e é gigantesco. Lasier Martins, velho comentarista da RBS, dizia no Jornal do Almoço que os gaúchos sentem mais do que os demais brasileiros a perda do Papa, tudo porque numa visita que fez à capital sul-riograndense na década de 80, o João Paulo II concordou com a multidão que gritava eufórica em meio ao discurso: “É gaúcho! É gaúcho! É gaúcho”. No dia seguinte a essa manifestação, o Papa-Pop, como diria Humberto Gessinger, tomou chimarrão. Como se não bastasse, alguns primos do Papa, imigrantes poloneses, moram no Rio Grande do Sul, numa cidadezinha chamada Guarani das Missões. O egocentrismo gaúcho (e alguns detalhes) justificam a comoção geral dos católicos de cá e as vigílias que atravessaram madrugadas na última semana.

Mas falemos disso outro dia. Por hoje, só resta dizer de ontem. Aconteceu algo inesquecível para mim: fui assistir, pela primeira vez na vida, a um jogo do Grêmio no Olímpico. Era um jogo do campeonato gaúcho, um jogo que terminou empatado, um jogo até certo ponto frustrante. Mas pra mim foi fantástico. Comemorei o gol do Grêmio como se comemora um título. Genial! Genial!...

Mas falo disso noutra oportunidade. Guardei comigo o ingresso do jogo. Vou postar aqui, doentiamente, como faria uma adolescente feliz, empolgada com seu primeiro show da Britney Spears.

Por falar em Britney, como tenho visto essa menina ultimamente! Como a MTV dá espaço a ela! Como ela se quer cada vez mais Madona! Quase tanto quanto a Britney, aparece o Dead Fish na MTV. É estranho ter de vir a Porto Alegre pra ouvir Dead Fish. Não porque não toque em Guarapari, mas porque eu não gosto muito mesmo. Em 2003, o Dead Fish abriu o show do Ira! no Fórum Social Mundial. Eu estava aqui. Foi a primeira vez que participei de um show dos caras na vida. Achei uma merda. Agora, assistindo MTV nas madrugadas porto-alegrenses, topo com os peixes quase todos os dias. Bizarro!

O mesmo acontece com Ana Di Biasi, capa da Playboy do mês passado. Tenho visto a Salva-vidas do Caldeirão todos os dias nas bancas de revistas, desde meu primeiro dia em Porto Alegre. Pra quem não sabe, a Salva-vidas é de Guarapari. Morava lá até pouco tempo (grande coisa!).

Mais estranho que Dead Fish e Ana Di Biasi juntos, é encontrar Panelas de Barro fabricadas em Guarapari à venda no Mercado Público de Porto Alegre! Acreditem, elas estão aqui, com selo de qualidade e tudo. Quase comprei uma pra guardar de prova, mas me dei conta da imbecilidade a tempo: comprei uma cuia mesmo.

Talvez essa tendência a ver coisas que me lembrem Guarapari seja culpa da saudade. Não de Guarapari, porque Porto Alegre não deixa muita margem para isso. Mas das pessoas caras. Da minha família, dos amigos e, é claro, da Carissa. Quando falo com ela por telefone, é impossível não ficar com uma cortante sensação de melancolia. Mas tudo bem, tudo bem... estou de volta semana que vem...

De resto, abraços...

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