ENTRE PARÊNTESES
Está difícil voltar de Porto Alegre. Já estou em Guarapari há uma semana, mas é como se minha cabeça estivesse longe ainda. Parte disso, acredito, tem a ver com certa dificuldade para lidar com a concretude de meu estar aqui. Aos poucos, a imagem de Porto Alegre torna-se evanescente: assume gradualmente as feições de um sonho bom – desses interrompidos pelo despertador.
Horários, rotinas, repetições: a lógica sistêmica a tudo impregna. Mesmo quando, aparentemente (ou temporariamente), nos colocam à parte, entre parênteses.
(E quando nós mesmos nos colocamos entre parênteses? E quando abrimos mão do direito de sermos taxativos para transformar assertivas em ponderações? E quando optamos por viver nas entrelinhas? Quais os ganhos, quais as perdas? Será a contabilidade a ciência mais apropriada para entender o ser humano? Somos mesmo o homo economicus? Até onde vai o poder da reificação “capitalística”? Qual o peso da resistência? Qual o peso da desistência? Quais as cores do existir?).
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