PASSADO, DIÁLOGOS E DESCULPAS
Neste feriado de páscoa fiz algo surpreendente, sobretudo pra mim: revi minha cidade natal. Acompanhei meus tios num périplo pelo Rio Grande e, no sábado, fui parar em Santo Ângelo. Esse retorno às origens foi interessante. Primeiro porque confirmou meu sentimento de que nunca fiz parte daquele lugar. Segundo, porque descobri que, embora a maioria das pessoas sejam cópias fieis dos lugares onde nasceram, sempre há exceções.
Uma das alegrias (surpresas) foi poder rever um velho amigo com o qual eu não falava há mais de nove anos e descobrir que grandes amizades resistem (mesmo) ao tempo e à distância (sempre fui meio cético em relação a isso). Conversamos muito. Os nove anos pareceram pequenas férias. Senti-me mais canceriano do que nunca nessa viagem ao passado (a Carol entende).
Sobre Santo Ângelo em si não há muito que falar. A cidade mudou pouquíssimo nesse tempo. Aparentemente está até bem cuidadinha.
Em virtude da sexta-feira santa, a Cadedral Angelopolitana (é esse o nome?) estava iluminada para a páscoa e as ruas interrompidas por procissões gigantescas que se estendiam por quarteirões inteiros. Toda essa religiosidade me assustou. Assim como me assustaram as churrascarias pela estrada, oferecendo “rodízio” de peixes.
Peculiaridades interioranas...
Ah! Não posso deixar de comentar um fato que me chamou muita atenção: há agora em Santo Ângelo um monumento que homenageia a Coluna Prestes que, pra quem não sabe, partiu de Santo Ângelo rumo à capital do país “há muitos e muitos anos”... O monumento é bonito, mas poderia ser ignorado se não fosse por um detalhe: é assinado por ninguém menos que Oscar Niemeyer. Não é nada, não é nada, mas já é alguma coisa...
Mas adiante, adiante: chega de falar de Santo Ângelo. Daqui dez anos, quem sabe, voltarei a este assunto. Por hoje, basta.
Falemos do que ando fazendo e de porque ando sumido...
Bem. Além de estar andando muito por Porto Alegre e lendo e relendo (remoendo?) obssessivamente aos Diálogos de Deleuze e Parnet, tenho me ocupado de escrever uma espécie de crônica sobre a cidade. Uma grande crônica que aborda diversos aspectos de Porto Alegre, aqueles que mais me despertaram interesse. O texto tem um caráter claramente personalista e, talvez, torne-se motivo de discórdia entre mim e algum porto-alegrense que, por ventura, trombe no Psicotópicos numa navegada qualquer. Mas isso acontece, portanto, postarei o texto assim que voltar para Guarapari.
A propósito, minha volta está marcada para o dia 6 de abril. Se alguém quiser me preparar uma festa de boas-vindas...
Brinco, brinco: meu ego está sob controle. Creio que recuperei o senso de humor e a paz de espírito. Aos poucos começo a compor novos cenários, agenciamentos particulares que podem render bons frutos – ou simplesmente frutos.
Aos que por aqui apareceram, deixo um abraço e peço desculpas por não estar retribuindo as visitas. Devo dizer que meu tempo de navegação é escasso por aqui (proporcional à escassez de grana). Portanto, só resta pedir que não desapareçam em definitivo: vocês fazem o Psicotópicos, são o de fora, os nômades que povoam este deserto.
Abraços, abraços.
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