sexta-feira, março 18, 2005

ELIS, LENNY, GODARD E VIAGENS



Ontem (17 de março) foi aniversário da Elis Regina. Como não poderia deixar de ser, o Rio Grande do Sul em peso dedicou grandes espaços jornalísticos à Pimentinha. Apesar da ênfase excessiva no gauchismo de Elis, as matérias foram interessantes. É sempre bom ouvir aquela voz e ouvir histórias sobre a cantora.



Anteontem aconteceu aqui o show do Lenny Kravitz, no estádio Olímpico. Ao que parece, os dirigentes do Grêmio resolveram hospedar o espetáculo para compensar a má fase do tricolor: um show de primeira para substituir um time de segunda...



Hoje fui à Usina do Gasômetro (novamente) para assistir a Viver a Vida, de Godard. Saí de lá e parei aqui no cyber para atualizar o blogue, verificar e-mails. Ainda estou sob efeito do filme, que me exigiu um esforço intelectual deveras considerável. E não falo por se tratar de um filme de Godard (ter lido o ensaio de Sontag sobre o filme antes de assistir ao filme relativizou consideravelmente a intensidade do choque), mas sobretudo em razão das legendas em inglês. Não sei se os leitores sabem, mas a professora de inglês é a Carissa. Eu? Eu só sei o suficiente para me virar.

E me viro bem, me viro bem. Só hoje pude perceber. Consegui entender 95% dos diálogos do filme, mas, infelizmente, a necessidade de concentrar-me na leitura das legendas em determinados momentos me fez perder detalhes das imagens que evoluíam na tela. Apesar disso, valeu. Valeu muito. Fiquei fascinado, sobretudo, pela colocação das câmeras, por exemplo: o modo de fixar o rosto do personagem que ouve num diálogo, captando suas reações, seus olhares. Deliciei-me com a cena – bela, bela – em que a protagonista dança para chamar a atenção de um rapaz num bar qualquer. Amei o texto a antecipar os capítulos... Genial! Genial!

***

Creio que só agora começo a sentir os impactos psicológicos da viagem e da solidão: começo a repovoar meu deserto. Aos poucos, vou distinguindo o que é desejo e o que é sugestão. Dentre as infinitas possibilidades que se me apresentavam – enquanto jornalista recém formado — algumas começam a ganhar corpo, aparecendo com maior nitidez. Isso é bom. É bom porque, possibilidades reduzidas, diminuem as impossibilidades. (Não falo de querer um mundo de portas fechadas, muito pelo contrário: falo de querer um mundo com portas, maçanetas e chaves).

E por falar em chaves, ontem lembrei do Dapirueba: assisti a um episódio de Chaves. Foi bom, foi bom.

Abraços.

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