A FRASE DO ANO
É evidente que a sociedade quer. Ela está aceitando.
Severino Cavalcanti, sobre o aumento do salário dos deputados
Quando Vilas-Bôas Corrêa, colunista do No Mínino decreta a frase acima como a frase do ano, em pleno mês de fevereiro, consegue acertar na mosca. A frase de Severino diz muito e se presta às ressemantizações.
Pratiquemos aqui um desconstrucionismo pseudo-derrideano por um momento, pra destrinchar um pouquinho a frase do ilustre deputado – tudo em nome da ciência, como as reportagens do Fantástico.
Acompanhem-me: o primeiro passo é buscar as referências do sujeito em questão. Está claro que a fonte de inspiração de Severino, ainda que inconscientemente, é o famoso ditado popular que diz: “Quem cala, consente”. Se trouxermos à baila o título de um conhecido livro de Baudrillard -- a saber, À sombra das maiorias silenciosas – fica evidente que se as maiorias são silenciosas na França, no Brasil elas são mudas. Ergo, a sociedade quer tanto um incêndio no congresso quanto o aumento do salário dos deputados, afinal de contas: se é muda, está sempre calada; se está sempre calada, sempre consente ou, nas palavras de Severino, aceita.
Continuemos no encalço da lógica cartesiana de Severino.
Levando-se em consideração que na história brasileira foram poucos os momentos em que a sociedade disse alguma coisa pra contestar as decisões dos governantes, podemos dizer que o brasileiro SEMPRE TEVE TUDO QUE QUIS. Ergo, isso explica a alegria carnavalesca de nosso povo!
Viram como é simples? Agora, graças ao Severino, o povo brasileiro já sabe que não tem do que reclamar! Que vive no melhor lugar do mundo, pois aqui não tem terremoto, furacão, ciclone...
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