PITACOS VARIADOS...
Dois fenômenos relacionados à morte têm me incomodado muito nas últimas semanas: a moribundice do Papa e a celeuma em torno da norte-americana Terri Schiavo. Não quero me estender sobre esses assuntos -- creio que os últimos comentários do Jabor sintetizaram muito bem o que eu penso a respeito, com destaque para a incoerência da sociedade (a vida vegetativa de Terri vale mais que as milhares de vidas desperdiçadas na guerra?). Queria destacar apenas uma linha: as pessoas se emocionam com aquilo que tem nome e rosto. É possível cometer genocídios sem que ninguém derrame uma lágrima, é possível matar milhares de fome e sede sem que ninguém se comova, é possível chacinar centenas com todo mundo aplaudindo... mas para grande parte da humanidade é impossível ficar indiferente ao sofrimento de alguém com nome e sobrenome. Foi assim com o seqüestro do brasileiro no Iraque, foi assim com Terri Schiavo e assim tem sido com o Papa. (Estranhamente, nenhum dos fatos me comoveu).
Sobre o Papa (que acaba de morrer, no momento em que escrevo este “post”), queria falar de algo que me assustou aqui em Porto Alegre. Já falei do egocentrismo dos gaúchos, mas ontem tive uma prova irrefutável de que ele existe e é gigantesco. Lasier Martins, velho comentarista da RBS, dizia no Jornal do Almoço que os gaúchos sentem mais do que os demais brasileiros a perda do Papa, tudo porque numa visita que fez à capital sul-riograndense na década de 80, o João Paulo II concordou com a multidão que gritava eufórica em meio ao discurso: “É gaúcho! É gaúcho! É gaúcho”. No dia seguinte a essa manifestação, o Papa-Pop, como diria Humberto Gessinger, tomou chimarrão. Como se não bastasse, alguns primos do Papa, imigrantes poloneses, moram no Rio Grande do Sul, numa cidadezinha chamada Guarani das Missões. O egocentrismo gaúcho (e alguns detalhes) justificam a comoção geral dos católicos de cá e as vigílias que atravessaram madrugadas na última semana.
Mas falemos disso outro dia. Por hoje, só resta dizer de ontem. Aconteceu algo inesquecível para mim: fui assistir, pela primeira vez na vida, a um jogo do Grêmio no Olímpico. Era um jogo do campeonato gaúcho, um jogo que terminou empatado, um jogo até certo ponto frustrante. Mas pra mim foi fantástico. Comemorei o gol do Grêmio como se comemora um título. Genial! Genial!...
Mas falo disso noutra oportunidade. Guardei comigo o ingresso do jogo. Vou postar aqui, doentiamente, como faria uma adolescente feliz, empolgada com seu primeiro show da Britney Spears.
Por falar em Britney, como tenho visto essa menina ultimamente! Como a MTV dá espaço a ela! Como ela se quer cada vez mais Madona! Quase tanto quanto a Britney, aparece o Dead Fish na MTV. É estranho ter de vir a Porto Alegre pra ouvir Dead Fish. Não porque não toque em Guarapari, mas porque eu não gosto muito mesmo. Em 2003, o Dead Fish abriu o show do Ira! no Fórum Social Mundial. Eu estava aqui. Foi a primeira vez que participei de um show dos caras na vida. Achei uma merda. Agora, assistindo MTV nas madrugadas porto-alegrenses, topo com os peixes quase todos os dias. Bizarro!
O mesmo acontece com Ana Di Biasi, capa da Playboy do mês passado. Tenho visto a Salva-vidas do Caldeirão todos os dias nas bancas de revistas, desde meu primeiro dia em Porto Alegre. Pra quem não sabe, a Salva-vidas é de Guarapari. Morava lá até pouco tempo (grande coisa!).
Mais estranho que Dead Fish e Ana Di Biasi juntos, é encontrar Panelas de Barro fabricadas em Guarapari à venda no Mercado Público de Porto Alegre! Acreditem, elas estão aqui, com selo de qualidade e tudo. Quase comprei uma pra guardar de prova, mas me dei conta da imbecilidade a tempo: comprei uma cuia mesmo.
Talvez essa tendência a ver coisas que me lembrem Guarapari seja culpa da saudade. Não de Guarapari, porque Porto Alegre não deixa muita margem para isso. Mas das pessoas caras. Da minha família, dos amigos e, é claro, da Carissa. Quando falo com ela por telefone, é impossível não ficar com uma cortante sensação de melancolia. Mas tudo bem, tudo bem... estou de volta semana que vem...
De resto, abraços...
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