domingo, setembro 11, 2005

OITO



É mentira. É tudo mentira. Eu sei que é. Sei mesmo. Ninguém me contou. Eu senti. E pouca coisa no mundo é mais certa que isso. Isso que a gente sente – na pele. Fico entediado quando me falam em profundidade, em raízes, origens ou famílias. Tomei gosto pela superfície. Tudo pra mim é epitelial. E é assim que deve ser. Nada de cataclismos. Hoje, só me interessam os pequenos acidentes. O resto é mentira. É tudo mentira. Construções que carecem de bases firmes e não passam disto: construções. Não quero mais saber do que está no fundo. Se está no fundo, é secundário: está morto, enterrado. A profundidade me cansa: é mentira de pernas longas: oito pernas de aranha – e uma teia gigantesca.

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