TRAGAM A ANA DE VOLTA!!!
Minhas madrugadas televisivas nunca mais serão as mesmas. Perdi um pedaço de mim. Perdi um sorriso, um olhar inteligente, uma pseudo-frieza toda especial. Perdi a ordem que me fazia dormir tranqüilo sabendo que em meio ao caos havia um padrão.
Sim, sim, estou falando da Ana Paula. A beleza Padrão, o trocadilho garantido, a certeza de que algo no mundo permaneceria imutável, seria sempre o mesmo (a mesma?) todos os dias...
Vocês não estão entendendo. Percebam: o Padrão Ana Paula tinha cara de “doce lar”. Com ela era mais fácil suportar o caminhão de más notícias sem jamais pensar em matar a mensageira (de outra maneira que não fosse de prazer). Ana Paula era incisiva e cálida na medida certa. Conseguia dizer do mundo cão e, ao mesmo tempo, ser ilha de tranqüilidade (e não apenas de edição).
Acho que minha relação com a Ana – posso chamá-la assim? – tem um quê de edipiana (notem como a rima faz com que as duas palavras se completem). Assistir ao Jornal da Globo com ela era, era, era – era como tomar um sermão! Era como ouvir algumas verdades assustadoras sobre a vida, encolher-se, sentir-se pequeno, amedrontado e depois – depois ganhar colo.
Sinto-me órfão – órfão (mal) acolhido por um sombrio diretor de orfanato de nome William Waack. Disseram que não, mas eu sei, eu sei: Waack é um Bela Lugosi by Hans Donner. Aquelas olheiras, aquelas olheiras me assustam! Pra provar que não minto, eu conto: hoje ele disse: “não dá pra dormir tranqüilo com mais uma rebelião na Febem”. Isso é advertência que se faça depois da meia noite?! Ele causa pesadelos. Sua canção de ninar preferida é: “Boi da cara afro-brasileira”.
Eu quero, eu quero, eu quero a Ana de volta. E a quero no mesmo horário, pra me dar boa noite todo dia, pra eu poder dormir tranqüilo. Eu quero a Ana longe do SBT e de suas modelos que só fazem cruzar e descruzar as pernas, apelando para nosso instinto selvagem.
Tragam, tragam, tragam a Ana de volta! Pra devolver meu sono, pra tornar a Globo menos terrível, pra tornar o mundo menos temível – ainda que isso não passe de uma ilusão. Até porque, se é pra ser ludibriado, quero ser ludibriado pelo padrão Ana Paula, não pelo Padrão Globo.
Ps.: Numa peregrinação pelo sistema de busca de imagens do Google, tropecei num blogue chamado "A bela da noite", todo dedicado à Ana Paula Padrão. Tipo assim, pra quem gosta...
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