quarta-feira, maio 18, 2005

POR VIA DAS DÚVIDAS



Fui convocado pela Bia a participar de uma “corrente”. Por incrível que pareça, essa é até legalzinha (e seria impossível recusar um pedido da Bia, afinal, ela me dá medo).

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro gostaria de ser?

“O Jogo da Amarelinha”, de Cortazar, só pra brincar de jogar pedrinhas e sonhar um dia alcançar um céu. Só para conhecer a Maga. Só para conhecer a Talita. Só pra conversar com Horácio. Só para passear pela Paris dos anos 60. Só para ser pensado por Cortazar. Só para ser rizomático. Só pra ter mil e uma leituras possíveis. Só pra ser infinitamente polimorfo. Só para ser muitos. Só.

Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por algum personagem de ficção?

Na adolescência, fui apanhado pelos “olhos de ressaca” de Capitu. Mais tarde, quis ter ao meu lado uma Minolta, só pra me acompanhar nos prazeres do sexo e da mesa (ela fez de mim um sátiro e um glutão). Recentemente, apaixonei-me pela Maga, pelo que ela tem de simplesmente vivo – e belo.

Qual foi o último livro que compraste?

“O apanhador no campo de centeio”. Guardo-o com um carinho absurdo. Volta e meia entro em um devir-Holden e me perco nos labirintos do ódio.

Qual o último livro que leste?

“Altas Literaturas”, de Leyla Perrone-Moisés e “Aula”, de Roland Barthes: li-os simultaneamente. Por fora, tenho (re)lido insistentemente “O Jogo da Amarelinha”: sinto-me tomado por um devir-Horácio.

Que livros estás a ler?

“Vozes e Visões: panorama da arte e da cultura norte-americanas hoje”, de Rodrigo Garcia Lopes. O livro traz entrevistas com figuras como Allan Ginsberg, William Burroughs, Amiri Baraka e John Ashbery.

Que cinco (5) livros levarias a uma ilha deserta?

“O Jogo da Amarelinha”, porque é um labirinto cheio de portas; “A Paixão Segundo G.H.”, de Clarisse, porque ensina a viver; “Cem anos de solidão”, de Garcia Marques, porque gostaria de passear em Macondo (e porque o nome é sugestivo para uma temporada em uma ilha deserta); “Ficções”, de Jorge Luis Borges, porque Borges é uma ótima companhia para andar na Biblioteca de Babel; e uma boa antologia de poemas de Fernando Pessoa, porque nem precisa justificar essa escolha.

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?

À Madu, porque isso tem cara de Padaria Espiritual; ao Orlando, porque é “o cara”; e à Stella, porque é sempre bom falar de literatura com ela.

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