quarta-feira, junho 23, 2004

ESTADO MÍNIMO

Em outras oportunidades, falei aqui sobre caminhada do Estado rumo à absoluta insignificância nas últimas décadas. O neoliberalismo, a meu ver, parece ter agravado um problema que é estrutural no conceito de moderno de Estado e vem desde sua concepção, numa época anterior aos iluministas. Desde essa época, a tentativa de apropriar-se do pensamento Grego (da polis) para pensar os gigantescos Estados que surgiam na modernidade aconteceu de forma equivocada. Aqui, na minha insignificância, não consigo conceber um Estado como o brasileiro capaz de suprir de forma adequada às necessidades do cidadão. Não há, já que falamos de Grécia, como agradar a gregos e troianos de apenas um ponto. Por mais que se pense que os poderes públicos municipais e estaduais funcionam como mediadores nesse processo, a coisa sempre vai entravar num ou outro ponto da burocracia que qualquer grande macro-administração exige.

Recebi um texto do Observatório da Imprensa que usa a “caridade” de Ronaldinho na Cidade de Deus para ilustrar essa ausência cada vez maior do Estado na vida dos cidadãos e a transferência gradual das responsabilidades do estado para os ombros do próprio cidadão, como aponta Gasparini: “O poder público vai, aos poucos, se desviando da sua função original, que passa a ser cumprida por organizações não-governamentais e cada vez mais pelos próprios indivíduos”. (Só pra pontuar, creio que essa tendência da sociedade para a auto-organização se aproxima da noção de “tribalismo”, que o sociólogo Michel Maffesoli utiliza para caracterizar a sociedade contemporânea. Mas essa é uma outra discussão).

O texto de Gasparini é interessante, porque traz para o centro da discussão uma tema que deve ser pensado e repensado por qualquer pessoa que pretenda refletir sobre os rumos que tomados pela nossa sociedade. Temos um Estado que é não vai muito além do simulacro e uma sociedade civil organizada (ou tribos) que lutam para nascer, mas parecem necessitar de cesariana.

Cliquem AQUI e dêem uma conferida no texto do Gasparini. Se interessar a alguém discutir essas coisas de forma mais aprofundada, cá estamos.

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