MÁSCARAS
No começo deste ano, a visão negativa de Guarapari que tem aparecido nos meus últimos textos, não era uma constante. Havia em mim, pelo contrário, grande entusiasmo noutra época. Eu via a cidade como uma grande possibilidade. (No fundo ainda vejo, mas de certa forma cansei de tentar abrir frentes de trabalho).
Aqui, no Psicotópicos mesmo, no texto “Guarapari, turismo e construção”, tentei iniciar discussões em torno da cidade. Queria, por meio dele, motivar os “nativos” a discutir questões de identidade por essas bandas. Queria discutir a cidade com gente daqui, mas não em mesa de bar, onde muito se perde. Queria a perenidade que o texto – mesmo digital – oferece.
Infelizmente, não tive respostas. O diálogo, mais uma vez, não aconteceu. Meu discurso, perdeu-se.
Com o discurso, uma boa parte da empolgação que me movia, ficou pra trás. Comecei, aos poucos, a traçar planos mais egoísticos, que envolviam a cidade de forma cada vez mais periférica. Hoje, percebo que no fundo, boa parte do meu discurso está impregnada de amargura mesmo. Sinto-me como se não tivesse conseguido chegar ao âmago das questões que me inquietavam na cidade. Daí, a desistência – ou a resistência.
Guarapari mina, suga a força das pessoas aos poucos, enfraquece-as. Sua substância é absorvente: alimenta-se das pessoas e não é capaz de metabolizá-las para transformar isso em energia, por isso, as elimina. Ou pior: as retém até o ponto de começarem a fazer mal, a matar.
Guarapari, a cidade sem rosto, aceita bem as máscaras que lhe impomos. Como eu disse no texto sobre Portugal, este lugar aqui se adapta bem aos conceitos, porque todos são permitidos. Hoje, a máscara que a cidade usa é assustadora para mim.
Mas máscaras são substituíveis...
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