quinta-feira, janeiro 20, 2005

PELO SIM, PELO NÃO



Deu nO Globo: O Ministério da Cultura está promovendo, em parceria com a ONG CBC um concurso para eleger a Capital Cultural do país. Todos os municípios brasileiros podem concorrer, basta “apresentar a candidatura por meio de uma carta do prefeito, juntamente com a documentação e o programa de atividades culturais a ser desenvolvido em 2006. Um comitê julgador, formado por personalidades do meio cultural, fará a seleção das candidaturas e elegerá a grande campeã”.

Se a idéia pegar, 2006 promete ser um ano agitado no cenário cultural brasileiro. Gostei do projeto.

O que não gostei foi de ver a enquête produzida pelO Globo, para os internautas escolherem a cidade que eles consideram a Capital Cultural do Brasil. Entre as “concorrentes” estão: Brasília, Curitiba, Ouro Preto, Paraty, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo. Quando conferi a enquête, O Rio liderava a pesquisa com 41,62%.

Levando-se em consideração que a enquête está sendo realizada por um jornal carioca, a vantagem é natural. Mas eu gostaria de destacar outro ponto. Observem a descrição da cidade que está no site de O Globo: “Berço da Bossa Nova, é a cidade mais conhecida internacionalmente. Divide com Salvador a paternidade do samba e costuma ser escolhida por artistas nacionalmente consagrados como residência. No Rio, está o maior número de museus do país e a arquitetura ainda preserva traços de distintos períodos históricos, do Brasil colônia ao moderno. Também abriga a maior TV do país, a Globo, que, apesar de sua programação nacional, acaba propagando manifestações culturais locais. O carnaval é considerado, ao lado do de Salvador, o mais importante do país”.

De uns dois anos pra cá, começa a circular por aí um discurso em defesa de um espaço maior para as programações locais nas grandes redes de TV. Uma reivindicação justa, afinal, num país desse tamanho já estava mais do que na hora do sotaque carioca perder a hegemonia na telinha da Globo. Contudo, acredito que esse processo pluralização cultural da Globo será um tanto quanto demorado. E, além disso, foram anos de supremacia carioca: a imagem do Rio como centro cultural está mais do que fixada na cabeça das pessoas.

De minha parte, fiquei em dúvida entre Salvador e Recife. Acabei votando na segunda, provavelmente por causa do Chico Science, do Suassuna, do Mundo Livre S/A, do Amarelo Manga, do cordel, do frevo e de tantos movimentos recifences de tenho acompanhado de longe.

Por outro lado, não consigo deixar de pensar no Rio como cidade detentora de uma cultura fake atualmente. O carnaval é festa pra inglês ver. Acho Bossa Nova um saco e acredito que a produção audiovisual carioca é grande porque todos os recursos ficam concentrados ali (e criar pólos alternativos é algo que demanda tempo e vontade).

Só de birra, vou lançar uma campanha para escolhermos Perocão como Capital Cultural do Brasil. Pô, lá tem o Orlando, o Xuninho, o Rodrigo. Tem a história do Zé Capeta, a Cabana do Waldir, o bloco das piranhas...

PELO SIM, PELO NÃO, VOTE PEROCÃO!!!

Isso pra não falar nas piadinhas que o nome da aldeia suscita...

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