TROPEÇANDO NOS CADARÇOS
O Jornal Nacional de ontem foi transmitido direto dos Estados Unidos. Ao vivo! Todo jornal dedicado ao resultado das eleições. Em mim, ficou a impressão de que essa postura tem muito mais relação com uma estratégia auto-promocional da Globo – um desejo megalomaníaco de igualar-se às grandes TVs mundiais – do que a um interesse concreto do povo brasileiro pelas eleições norte-americanas.
Toda mobilização do monopólio não serviu para muita coisa. A demonstração do poderio jornalístico global foi vazia. Resultou num jornal insosso, com matérias superficiais que não foram além do feijão-com-arroz. Nem de longe se tocou nos pontos cruciais. Não se questionou a validade do capitalismo. Os rumos do planeta. Nada. Tratou-se de um mero espetáculo, bem ao estilo das eleições estadunidenses.
Jamais os problemas da Venezuela ou da Colômbia – países vizinhos – tiveram tanta atenção dispensada. A impressão que fica é que o submundo olha demais para cima – na ânsia de ascender um dia – e acaba tropeçando nos próprios cadarços.
O resultado da eleição dos EUA serviu para mostrar que toda comoção da comunidade internacional é vã. Na hora “H”, quem decide são os norte-americanos, do alto de seu umbiguismo – aqueles que ainda acreditam que Buenos Aires é a capital do Brasil.
Fizemos eleições de mentirinha, passeatas pacifistas, manifestações, discursos panfletários: nada adiantou. Bush saiu mais forte do que entrou. Os republicanos, então, nem se fala. O caminho está aberto para o sobrinho do Bush ou – quem sabe – para o Terminator.
"Grupos religiosos radicais, homens, pessoas brancas e residentes em áreas rurais conservadoras formaram a base do eleitorado de Bush. Eles foram os principais responsáveis por uma diferença de mais de 3,5 milhões de votos do presidente sobre Kerry.
Em 11 Estados, a votação de Bush foi claramente impulsionada por milhões de eleitores que foram às urnas para derrubar de forma incontestável referendos sobre a permissão ao casamento entre homossexuais".
Mudar o mundo a partir do Império, hoje, é delírio puro. Precisamos aprender a correr por fora, fortalecendo a representatividade das minorias. Embarcar na onda conservadora que caracteriza os EUA é suicídio.
Mas de suicídio a mídia não fala...
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