O LIVRO ALTERNATIVO OU ALTERNATIVA PARA OS LIVROS
“Uma ameaça ronda o mundo dos livros: a ameaça do obscurantismo. A globalização econômica e financeira amplia a desigualdade entre ricos e pobres e os livros não escapam a essa lógica. Grupos estrangeiros compram editoras brasileiras e se estabelecem com planos avassaladores no mercado nacional. Grandes editoras brasileiras compram menores, acentuando o caráter de monopólio, agravando a tendência à homogeneização na produção de conhecimento e contribuindo para rebaixar o nível das publicações. Enquanto isso, o poder público, que deveria cumprir papel regulador, reproduz as distorções do "mercado" nas aquisições de acervos para bibliotecas e escolas. (Ivana Jinkings, editora da Boitempo e uma das fundadoras da Libre -- Liga Brasileira de Editores).
O trecho acima foi tirado do artigo “Cultura para quem precisa”, publicado na Folha de São Paulo, no dia 04 de outubro (Clique aqui para ler o texto na íntegra). O assunto é de suma importância para quem acredita que a cultura tem a ver com multiplicidade de pontos de vista. O que Ivana Jinkings denuncia em seu texto é a monopolização do mercado editorial brasileiro e os riscos que isso representa para o país.
Para quem costuma acompanhar os “cadernos de segunda” (a parte reservada à “cultura”) dos jornais brasileiros, já deve ter percebido que os apenas uma meia dúzia (talvez nem isso) de editoras são responsáveis pelo lançamento dos “grandes títulos”. Entre as “grandes editoras” estão a Cia. das Letras, a Reccord, a Rocco e a Objetiva. São essas editoras que costumam comandar também a lista dos mais vendidos da semana, em Veja, Época e Istoé, as principais revistas semanais brasileiras.
Quem já observou esse processo com um pouco mais de atenção, deve ter percebido também que alguns nomes são recorrentes. Rubem Fonseca, Paulo Coelho, Luis Fernando Veríssimo, John Grishan são figurinhas constantes. Às vezes, tem-se a impressão de que ninguém mais escreve no Brasil. (Se resolvêssemos falar em poesia a situação seria ainda mais complicada).
As grandes editoras, como toda empresa, tratam os bens culturais como negócio. Os livros, para elas, só têm importância se trouxerem algum tipo de retorno, seja financeiro, seja em termos de imagem. Nesse processo, escritores novos, alternativos, vanguardistas, são cruelmente prejudicados. Assim como a indústria do cinema procura roteiros que caibam dentro de uma estrutura básica, uma fórmula do sucesso, a indústria editorial procura nomes que vendam bem e histórias que prendam o leitor. Nesse processo, a homogeneização torna-se inevitável.
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Nesse mercado cultural, a Internet desponta como alternativa para novos autores. Talvez por isso, os blogues tenham contribuído de forma interessante para que novos nomes surgissem, tentando descobrir novas linguagens e atingir novos públicos.
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O projeto de Desenvolvimento Local da Região Norte de Guarapari, do qual venho falando há um bom tempo, prevê a criação de uma pequena editora para combater essa monopolização do mercado. A idéia é começar com edições eletrônicas de livros (Internet e CD-ROM) e mais tarde partir para a edição impressa. O objetivo principal dessa editora alternativa não seria publicar best-sellers, mas criar canais de divulgação para novos escritores e novas idéias.
Se alguém tiver alguma sugestão ou se interessar pelo projeto, deixe aqui um comentário. A idéia é, como diria o Zé, “cuspir conversa”.
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