terça-feira, setembro 21, 2004

TAUTOLOGIAS PRODUTIVAS



Como já advertia Borges, em seu conto “A Biblioteca de Babel”, “falar é incorrer em tautologias”. No texto PSICO (CADA VEZ MAIS) UTÓPICO, publicado aqui, falei sobre algumas idéias que venho gestando nos últimos anos. Não foi surpresa descobrir que alguém já pensara sobre isso em outra época. Essa sensação de esgotamento do mundo, já compartilhei em outra ocasião, comentando, justamente, o texto de Borges, citado acima. (Ver “post”, FALAR É INCORRER EM TAUTOLOGIAS).

Antes de mi, (bem antes), o teórico anarquista Proudhon desenvolvera o mutualismo. De um site sobre anarquia na Internet, tirei o seguinte texto:

Pierre Joseph Proudhon viveu entre 1809 e 1965, e nasceu de uma família pobre francesa. Aos 18 anos já trabalhou como tipógrafo, e em 1840 publicou o livro O que é a propriedade?, no qual afirmava que ela só causava danos à estrutura social. Sua crítica social conquistou um grande número de trabalhadores e suas idéias contribuíram para a transformação do anarquismo em movimento de massas.

Proudhon defendia a organização da sociedade sem nenhuma forma de autoridade imposta, e propunha o "mutualismo: a produção e o consumo ordenando-se em pequenas associações baseadas no auxílio mútuo entre as pessoas".

A frase grifada por mim, acima, mostra onde as minhas idéias afinam com as de Proudhon. Confesso que eu não conhecia as teorias do francês antes de escrever o utópico “post”. Fui pesquisar sobre anarquia porque sabia que minhas idéias iam nessa direção. Fiquei feliz em saber que não ando sozinho.

Com os visitantes, divido a “descoberta” e, para os que tiverem interesse, sugiro que façam como eu e procurem saber mais sobre a figurinha em questão.

***
Um dos grandes defeitos de nossa sociedade é relegar certos pensadores a um segundo plano, dispensá-los a priori, geralmente rotulando-os de utópicos. Esse julgamento precitado é feito menos por ignorância do que por má fé. Pensamentos perigosos para a manutenção da (des)ordem vigente não devem ser muito comentados ou discutidos: essa é a “lei”. O que se faz com o pensamento anarquista é muito isso. Enquanto Marx foi canonizado, Bakunin, Proudhon e muitos outros, que desempenharam um papel fundamental na estruturação do movimento sindical no século passado, por exemplo, são quase que propositalmente esquecidos. Não tão estranhamente, hoje o próprio movimento sindical é esquecido, taxado de anacrônico, abandonado. Os senhores da história servem-se de mecanismos sutis para traçar nossos destinos. Parece teoria da conspiração. Talvez seja. Mas as bruxas estão por aí, fiquem espertos.

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