quarta-feira, agosto 25, 2004

SOBRE DEMOCRACIAS



Em matéria sobre Software Livre, publicada no Site da Agência Carta Maior, a professora de Direito Maureen O‘Sullivan, da University of the West of England (UWE) do Reino Unido, fala sobre a democracia. Citando o incidente dos transgênicos na Europa, onde a sociedade se organizou e passou por cima do governo, negociando diretamente com as multinacionais aborda o tema democracia participativa. Leiam o que diz a matéria:

A democracia representativa existe, frisa ela [Maureen O‘Sullivan], porque o povo confiou sua representação aos políticos. “Se isso não está mais funcionando, a democracia participativa ocupa uma parte maior na sociedade e, mais cedo ou mais tarde, o povo dirá: ‘sem representação, não há tributação‘.

A frase da professora inglesa segue a mesma linha de raciocínio que tenho tentado desenhar, post após post, aqui no Psicotópicos. Precisamos substituir essa democracia de fachada por uma democracia mais concreta, a democracia participativa. Temos cada vez menos representação e cada vez mais tributação. Está na hora de inverter o quadro.

***************************************


Trechos da introdução de uma entrevista com José Saramago, também do site da Carta Maior, sobre o novo livro do escritor português:

O escritor português José Saramago deve desembarcar no Brasil apenas em novembro para o lançamento de seu último livro, “Ensaio sobre a lucidez” (Companhia da Letras, 2004). A obra, que gera polêmica na Europa, traz a história de um país imaginário onde os votos das últimas eleições não se dividiram entre partidos da direita e da esquerda, como de costume. Naquela ocasião, para espanto de todos, venceu o voto em branco. O questionamento de Saramago sobre o processo democrático evolui para a análise das reações do governo, na polícia e da mídia depois do pleito. Após um suspiro autoritário, fica mais clara a alegoria que o autor apresenta sobre a fragilidade dos rituais democráticos, do sistema político e de suas instituições.
...
Segundo comentário divulgado pelos editores da Companhia das Letras, o que Saramago propõe não é a substituição da democracia por um sistema alternativo, mas o seu permanente questionamento.
(Erika Campelo, especial para a Agência Carta Maior)


|