Um texto sem mais nem menos
Aceitei o convite de John para participar do Orkut, uma rede virtual de relacionamentos baseada no princípio dos 6 graus de separação. Seguindo uma linha quase maçônica, só pode fazer parte da rede quem for convidado por algum membro da rede. A princípio parece “grande coisa”, mas acredito que esta regra funciona mais como “marketing” (no sentido mais genérico da palavra) do que como tentativa de restringir a coisa. Se a idéia era manter os imbecis afastados, não vale. Todos nós conhecemos um ou dois imbecis que, por sua vez, conhecem outros tantos... e assim sucessivamente.
Mas tudo bem: a imbecilidade (como a barbárie, a estupidez, babaquice) também faz parte do gênero humano. (Por mais que séculos de pensamento iluminista tenham tentado reverter essa situação, há coisas difíceis de mudar). (É, só pra não deixar dúvidas, também eu tenho cá minhas imbecilidades, algumas já identificadas e combatidas com ferocidade, outras ocultas demais, agindo no submundo e me colocando em situações esquisitas sem que eu possa evitar ou, pelo menos, me dar conta disso, mas tudo bem: that´s the game).
Essa conversa toda sobre Orkut e imbecilidade é só pra poder comentar que ontem visitei um blogue bem interessante, de uma pessoa que encontrei numa das comunidades do Orkut. No blogue, o cara aborda o conceito de “Eumídia” que é, grosso modo, pensar o indivíduo como emissor e, muitas vezes, meio da mensagem. O “Eumídia”, de certa forma, seria uma coisa que nasceu (ou cresceu?) junto com os blogues, fotologues e outros “ogues” aos quais a Internet deu a luz.
Desde que entrei em contato com a Internet e, especialmente, com o universo dos blogues, não consigo deixar de ver na Internet um potencial libertador. Se se mantivesse anárquica, a coisa poderia tomar rumos bem interessantes (a questão é que às vezes duvido disso, pois, infelizmente, o capitalismo transforma quase tudo em merda. (Não é discurso panfletário não, viu? É que realmente penso que o capitalismo da forma como está organizado hoje não pode trazer muita coisa boa para o ser humano, à exceção de uma minoria blá blá blá... e não é preciso ser comunista-leninista-stalinista ou sei-lá-o-quê para perceber isso). (De uns temos para cá, tenho olhado com bons olhos para a anarquia, modelo que parece, a meu ver (até então, isso pode mudar), parece o mais alinhado com a autonomização da sociedade civil, por meio das ong´s e dos movimentos sociais. Acredito, com mais gente, que assuntos como responsabilidade social e terceiro setor irão ganhar mais fôlego daqui pra frente, por mais que se pense que eles padecem. Acredito que essa pode ser a fase boa, quando, depois de uma moda em que só se falava nisso, entramos num período de sedimentação das iniciativas realmente sérias).
Hoje à tarde, li uma matéria da revista Tela Viva sobre o “setor hippie” do MinC. Um departamento do ministério no qual um grupo de pessoas antenadas com o nosso tempo fica só estudando os impactos sociais e culturais das novas tecnologias. Entre as leituras dos estudiosos, Levy, De Masi, McLuhan e, pasmem, Timothy Leary – ele mesmo! –, o “papa” do LSD. Segundo a matéria, nosso Ministro da Cultura, o Gil, vê conexões entre as novas tecnologias e os movimentos de contra-cultura dos anos 60/70. Não sei até onde os “hippies” do MinC vão chegar, mas devo dizer que a matéria me encheu de esperanças. É bom saber que, num meio tão arcaico quando os modelos tradicionais de política, algumas iniciativas começam a tentar compreender a contemporaneidade de forma mais profunda, para pensar o futuro com menos discurso vazio e com uma visão mais apurada do de onde viemos e do para onde vamos.
Não sei quanto a vocês, mas a mim tranqüiliza muito saber que há mais gente no mundo interessada em tentar se afastar do caos que o cotidiano impõem para pensar as coisas de um outro ângulo.
E por falar em caos do cotidiano, o dia-a-dia, novamente, tem me passado a rasteira. Não tenho conseguido atualizar o blogue. Quanto tenho tempo, não tenho vontade. Quando tenho vontade... Essa situação é desoladora, devo admitir. É nessas horas que o conceito de “Òcio criativo” do Domenico de Masi, soa bizarra para mim. Um sonho distante, quase um delírio LSDeico.
Foi em busca de mais tempo e de uma vida mais Zen que decidi mudar o tema de meu projeto de TCC. Em vez de tentar ciscar em terreiros de galos de rinha, onde não tenho nada mais do que a curiosidade para tentar entender, decidi brincar com as minhas coisinhas: vou ficar na área de jornalismo mesmo, aproveitando os dois anos de leitura que acumulei desde o começo da faculdade. Se não é idéia brilhante, é funcional. E, pra falar a verdade, gostei muito de ler alguma coisa do pragmatismo...
Olhando para o texto acima, percebo que lá se vão uns bons parágrafos. Um texto grande que, provavelmente, não será lido, mas que pra mim tem grande utilidade. Purgar é preciso! Expulsar para a tela/blogue alguns pensamentos que têm me incomodado durante esta semana.
Sei que não é esse o melhor lugar para falar dessas coisas, mas se tem uma coisa que me deixa muito infeliz é o fato de não ter conseguido fazer iniciação científica até agora. Lá se vão dois anos de muita energia desperdiçada. A vocês isso não interessa. A quem deveria interessar, também não interessou.
Acho que o próximo passo agora é a ruptura. Partir em busca de novos universos. Estabelecer contatos com novos povos, novas civilizações. Navegar é preciso! Já dizia o atleta do iatismo. (Piadinhas, piadinhas: o diminutivo diz o que vocês são).
Mas está na hora de partir, procurar um boteco e tomar umas biritas com a galera. Como diria Renato Russo, “sempre mais do mesmo”. Mas que fazer. É a roda do infortúnio.
Para os que clicam, um abraço. Fui.
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