segunda-feira, julho 19, 2004

(RE) VISÕES

As frases ditas já foram ditas, feitas e desfeitas noutros tempos. Já saíram de outras bocas, já compraram outras brigas. Se há jogo, aqui, é de linguagem. Crer em algo é apostar nesse algo - no amor, no desconhecido, no Outro. Se há um caminho a seguir, são os descaminhos da vida – para perder-se nela. Teorias estão aí para serem criadas, descobertas, destruídas, descamadas – não para serem seguidas. Lugar de coração é no peito, batendo e apanhando, pois é esse o ritmo do viver. O sonhador sabe pouco – quase nada – além de seus sonhos. Vez ou outra, sonha junto – mas sobre “sonho que se sonha junto”, Raul fala melhor. A mente rebuscada, mente. Vida não se copia, se vive – sempre buscando ser livre (embora nem sempre conseguindo). Fome, dor e gozo são para serem sentidos: a teoria não dá conta desses universos. A verdade é furta-cor, camaleônica: nos engana o tempo todo. Se encontrar a verdade é crime, crime maior é acreditar que a encontramos. A utopia não é um mal, pois impulsiona: o coração pulsa com ela. A morte acompanha o relógio: versões de nós mesmos morrem minuto após minuto. Mas algo sobrevive e “a vida segue com ou sem você”. A poesia fala de um outro que, embora faça parte de mim, não SOU eu, porque eu ESTOU. No terreno do humano, toda simplificação é precipitada. Mas a vida também acontece nas precipitações: aceitemo-las então. De resto, paz e amor para todos.

(Zé, se puder postar este texto no teu blogue. Ia colocar como comentário, mas ficou grande demais...)

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