quarta-feira, julho 28, 2004

ORKUT MADE IN BRAZIL



A invasão brasileira no Orkut está dando o que falar. O serviço, criado no início do ano por um turco chamado Orkut Buyukkokten, é formado por 43% de usuários brasileiros, contra 23,5% de estadunidenses, apesar de haver apenas 20 milhões de usuários de internet no Brasil contra 150 milhões nos EUA.

A avalanche de brasileiros incomoda o pessoal do Tio San porque os brasileiros escrevem em português no Orkut e os yankees se sentem excluídos.

Para saber mais, clique aqui e leia a matéria do Observatório da Imprensa sobre o assunto.

Cá entre nós...

Como usuário recente do Orkut, devo dizer que acho bom e natural os brasileiros se comunicarem em português. Se o objetivo é conversar com brasileiros, nada mais normal do que falarmos em nossa própria língua. Nem todos por aqui têm condições de estudar inglês e, mesmo que tivessem, ninguém é obrigado a fazê-lo! Antes mais pessoas fossem estudar alemão, francês, italiano, mandarim! Seria uma forma de evitar que o “american way of life” se torne o único caminho.

Só pra retomar aqui aquela discussão sobre tecnologia, acho que o exemplo do Orkut deve ser levado em consideração para pensar nas possibilidades de resistência que uma coisinha tão inofensiva quanto o Orkut pode oferecer. Dá pra lembrar de Chiapas, dos Zapatistas, utilizando a web pra pedir socorro.

Outra fato interessante é que, mesmo em se tratando de um ato inconsciente da parte dos brasileiros, a atitude mostrou o quanto os norte-americanos se sentem acuados quando perdem a posição central que SEMPRE ocupam.

Se eles se sentem por fora, excluídos das nossas discussões, às quais têm “tanto interesse” em acompanhar; se dão tanto valor a isso; se isso é tão fundamental; se é assim, que aprendam nossa língua, que busquem entender melhor a nossa cultura, nosso modo de ser. Quanto queremos lê-los, temos que fazer isso!

Eu não queria entrar nesse tipo de discurso, mas é que é impossível não se sentir indignado diante da arrogância desse povo. Parece-lhes insuportável a idéia de não poderem ocupar TODOS os espaços. Dapois da lua, o Iraque. Depois do Iraque, o Orkut. Depois do Orkut, o que? Nossos corpos?

Ceder nessa pendenga seria idiotice. Seria curvar-se, mais uma vez, à vontade deles, à vontade da minoria poderosa. Em poucos momentos temos a possibilidade de resistir, de garantir nosso espaço. Este parece-me ser um desses momentos. E aqui quem fala é o meu lado que ouve Mundo Livre S/A e que acompanha o José Arbex Jr. Meu lado que cantou “Pra não dizer que não falei das flores” ao lado de 8.000 pessoas no Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Aquele lado que fica puto com os EUA ou com qualquer outro país de merda quando vê situações desse tipo. Fica puto não porque ame o Brasil cega e doentiamente, mas porque odeia a arrogância de quem só consegue ver o próprio umbigo. Quando esse comportamento diz sobre o país que é a maior potência do mundo, pior ainda!

Lutemos pela diversidade, por nosso direito de falar em português e aprendermos a língua que quisermos e de procurar saber da cultura que nos interessar. Não é uma questão de amor à pátria, mas de gotas de amor próprio.

E pronto! Fui panfletário mesmo! Dane-se!

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