sexta-feira, julho 23, 2004

1º ATO



Hoje estou a fim de escrever sobre nadas. Falar de coisas aleatórias, apontar lápis velhos para escrever em linhas tortas – ou mortas. Não preciso de um mote, um início, uma finalidade. Só vale o que é ato. Escrever, e é só.

Não importam os leitores, os sentidos ou as releituras. Não importam forma ou conteúdo. Não importa a exportação, a economia, a balança comercial: importam as bolsas de mulher, levando o caos para bares e boates. Caos que é porto seguro: garantia de que o belo pode ser refeito: o renascer em frente ao espelho.

Hoje, sou – quero-quero: acordo prendas em noite de lua. Hoje sou minuano, fazendo parceria com os campos cobertos de geada: o fim da festa – o começo do nascer do sol.

Hoje, só importa a língua que, à míngua, resseca e pede água – poesia do corpo. Poesia nos corpos: a vida, obra de vanguarda: estende-se nas desalinhas de tempo – presente presente, aproveitando os segundos: primeiros momentos; preliminares.

Hoje, só vale o que é ato.

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