Comentários sobre o post "Falar é incorrer em tautologias"
"Falar é incorrer em tautologias" é uma especulação, uma tentativa despretensiosa (embora às vezes não pareça) de organizar um amontoado de idéias caóticas que vêm me perturbando há uns bons anos. A reflexão acerca da Biblioteca de Babel surgiu em mim pela primeira vez após uma leitura distorcida (à maneira descrita por Bloom) de Borges. A segunda vez que a idéia me perturbou foi quando li O Pêndulo de Foucault, de Humberto Eco, onde o italiano retoma a idéia de Borges (aliás, tenho observado que pensar a partir de Borges tornou-se uma espécie de lugar comum). Há nesse livro um personagem que usa um programa de computador que faz todas as combinações possíveis de um grupo de signos fornecidos pelo usuário. Os resultados poderiam ter genialidades, mas a grande parte era desprezível. As inquietações suscitadas pelas leituras adolescentes de Borges e Eco ressurgiram mais tarde, quando entrei na faculdade e intensifiquei o uso da Internet. Dessa terceira (número cabalístico?) reflexão saiu o texto Borges e a Pós-modernidade, ao qual faço referência no primeiro parágrafo de "Falar é incorrer em Tautologias".
Como já expliquei no texto anterior, os usos que fiz das metáforas borgeanas nesta segunda investida pseudoteórica foram diversos dos da primeira. Dessa vez o objetivo era pensar o conceito de originalidade, que me parece uma espécie de sombra perturbadora - silhueta mal definida na bruma - no universo das críticas literária e cinematográfica (as duas com as quais tenho mais intimidade).
Sempre é bom deixar claro que não disponho dos instrumentos teóricos necessários para aprofundar-me nesse assunto da forma como gostaria. O texto (como a maioria dos textos que tenho produzido ultimamente) busca ser - ainda - uma espécie de provocação. Dicas, sugestões de bibliografias, comentários e críticas são bem vindos. O que ser quer - aqui e lá - é "botar lenha na fogueira", reacender - para (re)aquecer - discussões importantes das quais se parece fugir.
A impressão que tenho é de que há uma espécie de crise paradigmática no campo da crítica. Crise que os críticos se recusam a encarar. (Vale destacar que essa impressão de crise paradigmática parece estar presente em outros campos de saber, como no caso do jornalismo, minha área de atuação possível (sou graduando em comunicação social), onde certas discussões/polêmicas fundamentais vêm sendo adiadas há anos, o que resulta numa crise generalizada).
Posso estar absolutamente errado em minhas reflexões/observações, mas isso é algo que preciso saber. E para que isso aconteça, preciso da ajuda de quem está no olho do furacão: os críticos.
No momento, já não me assusta tanto a idéia de ser mal compreendido, mas sim a idéia de ser ignorado: por isso insisto em explicar os motivos e objetivos de meus textos, essas colchas de retalhos, repletas de buracos e carentes de harmonia. É nos interstícios do texto, de suas falhas, buracos, abduções e contradições que quero ver surgir o debate. Mas esse debate deve acontecer entre amigos. Talvez fosse mais adequado, inclusive, chamá-lo diálogo ou conversa.
Em toda conversa, faz-se mister partir de um ponto. É isso que estou tentando propor aqui e lá: um ponto de partida. Em vez de criar contendas teóricas que tornam-se uma batalha de egos, a idéia aqui é juntar mãos - e cabeças - ao redor de alguma coisa - que ainda não se sabe ao certo de que se trata.
Psicotopicos
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