quarta-feira, setembro 28, 2005

AQUELE RISO SOLTO



A personalidade da mãe sempre tomou conta da casa. Seus gestos se espraiavam paredes, teto, telhado, mundo afora! Seu riso liberto tinha asas de libélula e cores de fada madrinha. O colo cálido, sempre presente, era repouso de guerreiros e guerreiras. Ela – a filhota, a caçula, a riqueza – provara cada fibra daquele afeto. A filhota, assim que ganhou corpo e sagacidade pra saber da própria sorte, entendeu o quanto a casa era feliz. A mãe – a do riso solto, a do colo cálido – sabia deixar ir e sabia deixar voltar; sabia, enfim, ensinar aos pequeninos seres alados que pipocavam impúberes pela casa as técnicas milenares do vôo livre que cria novos mundos, que cria vida, que cria amor e gozo. A filhota era grata – eternamente grata – por tudo isso. E naquele aniversário, comprou um presente assim ó escreveu coisas que só vendo pra acreditar, sabe? A mãe, olhos úmidos, agradeceu com seu melhor: o riso.

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