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Cidade de Deus
Cidade de Deus foi (re)descoberto pelos norte-americanos (com uma ajudinha da Miramax, que investiu pesado e alavancou o relançamento do filme, que no ano passado não conseguiu concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro).
Fernando Meirelles está de parabéns pela indicação à estatueta de melhor diretor. É um avanço. Junto com Fernanda Montenegro (e as outras três indicações de Cidade de Deus), conseguiu romper as barreiras do filme estrangeiro. Somos menos outsiders agora.
Loas pra lá, loas pra cá, viva viva Cidade de Deus. Em meio a tanta comemoração, uma pergunta fica noir, obscurecida em meio à festa: o que significa, de verdade, o Oscar?
Uma coisa é certa: não é o Oscar que premia os filmes de arte. Essa é uma consagração que tem um lugar específico no universo cinematográfico, mas não é nenhum ´´selo de qualidade´´. Geralmente, os filmes premiados em Cannes ou em Berlin são melhores que os premiados pela Academia.
Mas outro ponto importante é que Cidade de Deus não se propõe a ser um filme de arte, mas um bom (com toda a subjetividade que caracteriza o termo) filme (bem dirigido, bem montado, bem editado, etc.) e com conteúdo. A proposta, deve-se dizer, encaixa-se perfeitamente com o padrão cinematográfico da Academia.
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Eu, particularmente, gostei muito do filme. Não sou do tipo que faz recortes tão contundentes para separar cinema de arte e cinema comercial. Cidade de Deus é um filme agradável. As interpretações são excelentes (assim como as da série Cidade dos Homens, que, se não for herético dizer, é uma espécie de obra complementar ao filme de Meirelles). A narrativa tem um dinamismo interessante. O conteúdo crítico perdura, apesar da estetização da violência (muito menor que em Tarantino, por exemplo). Enfim, gostei do filme.
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Pegando carona - nada mais justo! - nas indicações tardias, Cidade de Deus será relançado nas salas brasileiras. Mais um empurrão para aquele que já é o maior sucesso de bilheteria da história do cinema tupiniquim.
Se por um lado fico triste por ainda ficarmos tão eufóricos com as migalhas de reconhecimento ´´ianque´´, por outro, fico feliz porque o cinema brasileiro, de maneira geral, sempre colhe os louros de um sucesso internacional como esse. (De certa forma, embora muitos discordem, até o sucesso (???) do Santoro acaba ajudando).
Parabéns a Cidade de Deus!
Psicotopicos
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