Inconsciente Psíquico
Uma explicação (ou uma divagação intimista)
Este blog está em gestação, em formação, em fase de teste, num momento onde todo o tipo de erro pode ser cometido. Este é um momento de liberdade total. A diferença entre os textos que escrevo aqui e os que escrevia durante a adolescência ¿ para ficarem guardados, a sete chaves, sabe-se lá porque (no fundo sei, mas essa é uma discussão que fica para mais tarde) ¿ é muito pouca.
Não dei o endereço do blog pra ninguém. A possibilidade de algum web-náufrago chegar aqui com sua jangada é remotíssima. Sou, ou melhor, o blog é uma ilha - ´a milhas e milhas e milhas de qualquer lugar´ (Engenheiros do Haway) - fora do mapa em uma Oceania de proporções cósmicas. Somos ¿ eu, meu blog, aqueles bichos e aqueles caras um nó minúsculo ¿ e egocêntrico ¿ na rede. Quero, um dia, usar esse nó para amarrar pessoas (falarei sobre isso mais tarde). Mas por enquanto, nem os meus próprios pensamentos ele consegue amarrar. Tudo é solto, perdido, ´bicho solto, cão sem dono´, ´à flor da pele´ (Zeca Baleiro), extremamente impulsivo.
Gostaria que mais pessoas acompanhassem esse processo. Na verdade, o esse blog está me permitindo fazer uma coisa que há tempos venho adiando: refletir sobre a escrita, algo com o qual tenho uma relação muito tensa, conflituosa, almodovariana. Eu e o texto brigamos. Aqueles bichos exigem de mim mais auto-crítica. Exigem que eu me encare de frente e veja o tanto de besteira que escrevo e o quão pretensioso sou, pensando em ser escritor num mundo onde escrever se torna algo cada vez mais piegas. Isso pra não falar na falta de habilidade pra coisa...
Mas escrever vicia. Se torna questão de sobrevivência, ou, parafraseando Bukowski, nos tira da completa loucura (a frase está no blog da Clarah Averbuck). Aqueles caras, que são a parte mais legalzinha, mais condescendente de minha personalidade, dizem que isso basta; que vale a pena seguir em frente e fazer do ato de escrever uma espécie de bengala, algo que me impeça de lembrar a todo o momento que viver nesse mundo estúpido (e lindo-lindo!) não faz sentido algum.
A cada dia simpatizo mais com aqueles caras.
Mas, voltando ao caráter anônimo do blog. De certa forma, os blogueiros anônimos constituem uma espécie de sociedade não constituída de viciados em escrever. São um espécime curioso, que se diferencia dos egocêntricos que escrevem porque acreditam que sua vida, por mais medíocre que seja, pode interessar a alguém (e o incrível é que sempre interessa a alguém). Os blogueiros anônimos convivem com a expectativa e o medo. Querem ser lidos por alguém, mas ao mesmo tempo o medo de serem criticados os corrói. São tipos introspectivos, geralmente, com personalidade pendendo mais para o ânima, para o yin. Não são do tipo que se destacam em vida (e nem sempre se destacam após a morte). São gente cheia de vida interior. Vida que, aos poucos, vai se perdendo, como as idéias que eles têm o tempo todo e esquecem; os projetos que eles começam hoje (como se fossem a razão primeira de suas vidas) e abandonam amanhã.
No momento, estou nesse estágio.
Mas não pretendo parar por aí.
Ultimamente tenho ouvido com mais carinho os conselhos daqueles caras. Acho que está na hora de maneirar na auto-crítica. Afinal, é preciso fazer alguma coisa. Algo que sirva para alguma coisa. Escrever. Escrever nem que seja para servir de exemplo de como não se deve escrever. É preciso viver.
Esse blog é um marco. Esse texto também.
[Texto escrito para explicar Blog extinto. Hoje, útil pra perceber o que mudou e o que não]
Psicotopicos
Um rascunho virtual... Comentários sobre jornalismo, política, sociedade, comportamento e alternativas. Espaço para debate, cuspe e epidemias.
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